Plantio direto: um guia completo sobre o assunto!

Tempo de leitura: 11 min
  • Agronegócio

Uma das técnicas utilizadas para semeadura sem a aração prévia do solo é denominada plantio direto. Essa técnica se dá pelo uso de semeadeiras especiais, que abrem um pequeno sulco e depositam a semente dentro para que ela possa estar em contato com o solo na profundidade e distância adequada para o seu desenvolvimento.

Neste artigo, você vai conhecer todo o processo desse tipo de cultivo em um guia completo que preparamos sobre o assunto. Confira!


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As diferenças entre o plantio direto e o plantio indireto

O plantio direto é um sistema diferenciado de manejo e sua eficiência é tamanha que os agricultores desenvolveram diversas técnicas para aplicar nas suas lavouras.

Além de não tão convencional como o indireto, que acontece com a preparação do solo e a retirada de ervas daninhas ou restos de cultivos de ciclos anteriores e onde também é realizada a aragem e a gradagem do solo — a aragem do solo é uma técnica empregada para o revolvimento do solo e a gradagem faz o nivelamento de tal superfície, preparando o solo para a semeadura. No plantio direto, essa técnica de preparação do solo não é aplicada, sendo o cultivo realizado sobre a superfície que já foi cultivada anteriormente.

Por ser um sistema de manejo diferenciado e que garante a qualidade do solo, uma infiltração equilibrada da água na superfície cultivada é um dos métodos mais aplicados e com excelente rentabilidade para o setor agropecuário.

Principais características

O plantio direto é uma técnica utilizada desde há muito tempo e apresenta características específicas que dão sentido à sua aplicabilidade. Ou seja, para que o plantio direto aconteça, são usadas três técnicas importantes:

  • não há revolvimento do solo;
  • o plantio é feito sobre uma palhada no solo;
  • é realizada uma rotação de cultura.

A seguir, entenda como cada um desses métodos são importantes para os resultados desse cultivo.

Ausência de revolvimento do solo

O revolvimento do solo é muito efetuado nas regiões mais frias com temperaturas amenas, onde esse processo faz com que o solo seja aquecido para os novos cultivos. Então, o que é esse processo de revolver a terra?

O revolvimento do solo é quando as camadas de terra são invertidas para a semeadura. Nesse tipo de plantio direto, não há necessidade de mexer na terra, uma vez que, em locais com temperatura tropical, como o Brasil, o solo retém o calor apropriado para o desenvolvimento das sementes.

Palhada no solo

A palhada nada mais são do que os restos orgânicos de plantas colhidas, em que as sementes são separadas de folhas e raízes e esses, por sua vez, são triturados e introduzidos ao solo novamente.

Tal técnica contribui para o controle de água da chuva no solo, sendo um obstáculo para infiltração de um volume muito grande de água e dificultando o transporte do cultivo em casos de enxurrada. Além disso, mantém o equilíbrio térmico do solo e impede que a evaporação de água aconteça rapidamente em dias de temperatura elevada.

Rotação de culturas

A rotação de cultura é quando em um determinado ciclo são cultivadas espécies de uma planta, e, em ciclos seguintes, as espécies cultivadas são outras. Essa técnica é eficiente e realizada para promover benefícios ao solo, melhorando as suas qualidades físicas, químicas e biológicas.

Devido a essa rotatividade de culturas, é percebida uma redução significativa de plantas daninhas nas lavouras, assim como a diminuição de doenças e pragas é fator notável nesse processo.

Como o plantio direto é feito

O plantio direto é um sistema que tem a capacidade de equilibrar os meios de cultivo do solo. Portanto, é necessário estar atento à forma adequada de implantação e saber exatamente como essa técnica deve ser feita. Veja a seguir os passos para fazer um plantio direto.

  • Cronograma de cultivo: é fundamental considerar os ciclos de produtividade e verificar a necessidade de todos os processos que devem ser realizados durante esse ciclo para ter uma previsão mais precisa dos resultados do cultivo.
  • Rotação de cultura: não pode faltar, pois é um modo de manter o solo rico em nutrientes essenciais para o desenvolvimento das sementes. Os resultados desse processo são percebidos a longo prazo.
  • Redução de impactos no solo: utilizar equipamentos pesados no solo acaba compactando-o, e isso pode prejudicar as culturas. O processo para o cultivo direto, nesse caso, deve ser o de descompactação do solo, que é efetuado pela aplicação de plantas e equipamentos adequados para esse tipo de cultivo.
  • Manutenção da palhada: não basta colocar a palhada sobre o solo e esquecer que ela existe no restante do ciclo. Tal superfície precisa de manutenção para conservar o solo e evitar problemas de desenvolvimento da cultura.

Requisitos e particularidades

Para aplicar esse sistema de cultivo, o produtor deve atender a alguns requisitos. Primeiro, ele precisa compreender a necessidade de aplicar uma nova técnica de manejo, pois, o plantio direto é um método de manejo diferenciado.

Devido às particularidades desse sistema, o produtor precisa contar com profissionais técnicos qualificados para dar a assistência necessária sobre o tipo de manejo e seu impacto no solo e nos cultivos. Isso significa que é necessário saber qual a melhor área para o plantio, quais os solos não sofrem com pragas ou ervas daninhas incontroláveis e qual a melhor superfície livre de erosão para que o cultivo seja rentável nesse sistema.

Além disso, é necessário ter os equipamentos adequados para o manejo. Eles ocupam um papel importante para os processos de semeadura e de pulverização. É fundamental que, no solo a ser cultivado, já tenham sido plantados vegetais que serão utilizados para a palhada do solo.

Outro requisito importante é o de ter um cronograma adequado de rotação de culturas para que os ciclos sejam cumpridos da maneira apropriada, mantendo a preservação do solo para o desenvolvimento das sementes.

O plantio direto no Brasil

No Brasil, a técnica do plantio direto é adequada devido ao clima do país. Sem contar que é um sistema que contribui para a manutenção das características físicas, químicas e biológicas do solo garantindo a sua sustentabilidade. Graças aos benefícios que gera pelo aumento da fertilidade, ele também promove a manutenção de nutrientes no solo em todas as etapas do cultivo, que consistem em:

  • descompactação do solo;
  • nivelamento da superfície de cultivo;
  • correção da camada superficial do solo;
  • controle de pragas e ervas daninhas;
  • colheita e distribuição de restos de cultura sobre o solo;
  • pulverização da área de cultivo;
  • uso de máquinas apropriadas à semeadura.

Essa técnica foi implementada no Brasil pela primeira vez na década de 70, no norte do Paraná pelo agricultor Herbert Bartz. Ele tinha como objetivo aplicar o método que aprendeu nos EUA para reduzir a erosão do solo e melhorar a qualidade da superfície para a sua semeadura. Isso era de extrema importância, uma vez que a incidência de grandes volumes de chuva na região estava prejudicando o seu cultivo.

Ao empregar o plantio direto, Herbert percebeu os resultados e a rentabilidade desse sistema para a sua produção, e foi implantando, no decorrer do tempo, o uso de máquinas mais adequadas que passaram a contribuir com a agricultura do país.

Tal sistema de cultivo se expandiu na década de 80 por toda a Região Sul do país. Atualmente, o cultivo convencional ainda é o mais aplicado no setor agrícola, seguido pelo modelo de cultivo mínimo e pelo plantio direto na palhada.

Vantagens e desafios do plantio direto

Muitas são as vantagens de um sistema de plantio direto e seu impacto atinge não somente como fator agrícola, mas também econômico e ambiental. Dentre as vantagens percebidas nesses aspectos, podemos pontuar que:

  • aumenta a conservação do solo reduzindo os processos de erosão;
  • torna o processo de germinação mais eficiente nos processos de cultivo;
  • aprimora os sistemas de fertilização e corretivos nas lavouras;
  • equilibra o valor térmico do solo;
  • melhora a qualidade do solo;
  • trata o solo com material orgânico e com carbono, essenciais para boas plantações;
  • utiliza a reciclagem de nutrientes para a fertilização do solo;
  • equilibra a incidência de água no solo.

Esses são alguns dos inúmeros benefícios que o plantio direto promove nos sistemas agrícolas. Podemos dizer que essa técnica apresenta um baixo custo para os processos de produção e pode ser implementada por propriedades rurais de pequeno, médio e grande porte.

Tecnologias utilizadas

As máquinas empregadas nos processos de plantio direto são as plantadeiras e semeadeiras. As semeadeiras são os equipamentos responsáveis pela mobilização do solo, elas podem ser: convencional, mínima e de não mobilização.

No que se refere ao plantio direto, a técnica de mobilização aplicada com a semeadeira é a mínima ou a de não mobilização, pois garante o aumento de bioporos e acréscimo de teor de matéria orgânica no solo, dentre outras vantagens geradas pelo plantio direto, já mencionadas nos tópicos anteriores.

As semeadeiras são maquinários de diferentes tamanhos e modelos com funções específicas para a obtenção de uma alta performance em sua operacionalidade sobre as palhadas.

As plantadeiras são equipamentos que contribuem para um plantio uniforme, sem interferir nas qualidades do solo em que as sementes serão germinadas. Assim, a plantadeira tem a função de cortar a palhada, abrir um sulco onde será depositado a semente e o fertilizante, realizar a distribuição desses insumos em quantidade e na profundidade adequada do solo. Logo, para finalizar esse processo, a palhada é coberta.

Principais funções das máquinas para o cultivo direto

Não podemos falar sobre o plantio direto sem mencionar a importância dos equipamentos aplicados nesse processo. Isso porque, com a tecnologia cada vez mais presente no setor agrícola, é fundamental compreender a importância de selecionar o maquinário correto para as técnicas efetuadas na sua lavoura.

Nessa perspectiva, uma plantadeira visa o armazenamento das sementes e distribuir as quantidades certas e de maneira controlada na área de plantio. Com isso, a máquina prepara o leito de cultivo e cobre as sementes, adequando o solo ao redor dela para a sua semeadura.

As máquinas utilizadas para o plantio direto devem atuar sobre o solo com uma mobilização mínima e seguindo apenas as linhas de semeadura para não prejudicar a área. Para isso, o equipamento corta a palhada e faz uma abertura no solo para que a semente seja depositada, como já tratamos anteriormente.

Semeadoras adubadoras no plantio direto

Algumas plantadeiras escolhidas para o plantio direto são as semeadoras adubadoras, ou seja, máquinas de plantio com a função, também, de adubar. Para os grãos graúdos, o ideal é utilizar equipamentos com sistema pantográfico, carrinhos de sementes independentes e com uma boa flutuação entre si.

Os sulcadores devem ser fáceis de trocar e fazer mobilização mínima no solo. Tais máquinas contam com depósitos de fertilizantes acoplados, e isso garante que as etapas do plantio direto se desenvolvam de forma completa por meio de uma única ferramenta.

Plantio direto com plantadeiras e semeadeiras

Ao decorrer deste artigo, falamos sobre plantadeiras e semeadeiras, e é importante explicar o que cada uma caracteriza para o plantio direto, ou seja, sua função nos processos agrícolas. Então vamos lá:

  • semeadora — é o equipamento acoplado ao trator e é responsável por depositar as sementes no solo para o cultivo;
  • plantadora — é a máquina que vai aplicar sobre o solo materiais vegetativos para o plantio das culturas.

As máquinas de plantio direto podem ser identificadas pelo modo como realizam a semeadura, que pode ser pelo fluxo contínuo ou pela precisão. A forma de plantio por fluxo contínuo é feita com as máquinas semeadeiras, já os plantios por precisão são realizados por meio das plantadeiras, assim a dosagem é feita uma a uma.

As técnicas de cultivo na agricultura familiar se desenvolvem com o passar do tempo, fomentando a rentabilidade e disseminando novas aplicações no setor agrícola. O plantio direto é um desses métodos que vêm se expandindo em um meio de produção que caminha lado a lado com a sustentabilidade.

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